Monday, April 24, 2006

"Se me ponho a cismar em outras eras...

...Em que ri e cantei, em que era querida"

e por ai vai, os poemas de Florbela sempre vieram a me inspirar muito, me passa uma paz que outros poetas não conseguem. Talvez seja por ela conseguir traduzir sentimentos, coisa que eu não consigo. Pode ser também porque o que ela sentiu teve tanta ênfase, e eram tão mais profundos que os meus, que ela passava facilmente para palavras, vai saber né?

Não entendi ainda porque ela se tornou minha favorita, mas posso dizer que se eu pudesse escolher ser uma outra pessoa que já tivesse vivido, seria ela. Eu não escolheria Agelina Jolie, Britney Spear ou Top Models famosas. Aliás, o fato da beleza externa não me impressiona nem um pouco, muito menos um muito. Beleza um dia deixa de existir, os peitos caem, as rugas aparecem mas os conhecimentos adquiridos pela vida nunca somem, muito pelo contrário cresce cada vez mais. Bom isso né? E o melhor de tudo é que Florbela era linda em todos os aspéctos. Se ela vivesse nos tempos atuais eu a pediria em namoro. Realmente acredito ter um romance com ela, uma coisa proibida sabe?

Nossa, quanta besteira em um post só, mas ela me deixa assim, pensando besteiras, pensando em como a vida podia ser melhor se as pessoas fossem simples, se tudo fosse fácil, e o mais importante, se todos conseguissemos traduzir sentimentos em palavras.

Lágrimas ocultas

Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...
E a minha triste boca dolorida,
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!
E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...
E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!


Florbela Espanca

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